“Chéri, não me digas que não acreditas na minha luta.”, ela exclamou, terminando com um suspiro prolongado.
“Eu só não creio que te vá levar a algum lado. Essas ideias são todas muito bonitas mas ao fim ao cabo, não passam disso. Meras ilusões dessa mente romântica.”, ele esclareceu.
Ela fuzilou-o com o olhar. Nem queria sequer considerar verdade o que tinha acabado de ouvir.
Ele, percebendo a crescente raiva dela, tentou suavizar a discussão: “Eu simplesmente não penso da mesma forma. Não me podes censurar por isso.”
“Não vou fazê-lo mas não consigo tomar estas questões dessa forma tão… Sei lá… Tão insípida. Estou a falar da sociedade em que vivemos! Estou a falar da merda de sistema no qual estamos inseridos. A justiça, a liberdade, a felicidade, a igualdade… São todos valores que são constantemente atirados ao ar em função da ganância de uns, da ignorância de outros e da passividade de todos.”, ela indicava apaixonadamente. “Não me digas que te vais submeter eternamente? Que vais aceitar a papinha que te dão à boca (sendo que em grande parte, esta se encontra envenenada), sem questionar nada? Vai ser uma marioneta, vais usar a camisola que te derem e defendê-la para o resto da vida (mesmo que tenha sido cosida pelos dedos cansados de uma criança de 7 anos)?”
Ele encarava-a, estupefacto. Mas não conseguia responder.
“Eu posso ser hipócrita, em muito do que estou agora a dizer, mas sei perfeitamente que o sou. E mais, recuso-me a permanecer este ser humano corrompido pelos pensamentos e regras alheios. Estou cansada desta porra de mentalidade de carneirada. E nem acredito que vais escolher respeitar esse género de ideal!”
Ela tomou uma pausa para respirar. Olhou em volta e ao pousar os olhos nele, apenas pronunciou: “Au revoir, chéri.” E foi embora, sem pretender regressar… (Acho que chamam a isto livre-arbítrio).