Já dizia o amigo Bocage, na sua insolência de poeta:
“Nunca vi tanto filho da puta…”
E eu fico a considerar aquela realidade que é tão óbvia mas nunca ninguém a pronuncia tão abertamente.
“Na puta da minha vida”
Nesta existência merdosa, são muito poucos os que ousam dizer a verdade. E portanto, estamos sempre neste impasse de nunca sabermos onde colocamos os pés. E eu que já tropeço por todo o lado, sem precisar de ajuda…
“A vida é filha da puta”
Ah, a eterna insatisfação com a presente existência. E para nós, portugueses, parece sempre fatal. Ah sim e façamos já um drama. Para os nossos vizinhos pensarem que somos uns coitadinhos e para alguma alma descuidada nos esticar a mão.
“A puta é filha da vida”
Cuidado que o que não falta aí são putas espertas que te atraem com sorrisos e saias curtas e justas e depois te levam a carteira, o bolso das calças, o cinto e às vezes, até as calças. E depois dás contigo na rua, em boxers a queixar-te:
“A vida é filha da puta!”