A sua personalidade não era a mais efusiva. Tinha enorme dificuldade em se relacionar com os outros seres humanos à sua volta. Não era fã do senso comum e ainda menos da sociedade podre onde tinha de tentar vencer.
Gostava de estar imersa na nostalgia de momentos bons que já não iam regressar e na melancolia gerada pelos momentos que imaginava na sua mente poder vir a vivenciar.
Tinha uma mente imaginativa, tanto para o lado mais romântico, como para o lado mais perverso. Mas não tinha capacidade para expressar essas emoções, fisicamente.
O seu corpo falhava em reconhecer algo tão básico como o toque, como algo benéfico. Ao invés, sentia-se retorcer com um misto de receio e repúdio. E não sabia porque reagia dessa forma.
Não era uma pessoa triste. Mas era uma alma que sentia uma falta irremediável de algo. E cansaço de sentir falta de algo.
(Mas penso que todos sentimos falta de algo – se bem que por vezes, parece que há quem sofra mais com isso e quem não sinta grande diferença. Mas lá está, parece…)