Cansada desta merda, desta falsa moralidade que me agarra os pulsos e me encosta contra uma parede e sussura: “Não chores, amor. Nem grites. Isto vai passar.”
Cansada de conviver com ideias que me reprimem de ser um humano completo e me interrogam: “Porque estás triste, amor? Tudo vai ficar bem.”
Cansada de passar por pessoas que vão ser sempre colocadas num degrau acima do meu, meramente por género atribuído por defeito e exclamam: “É assim que deve ser. É assim que deves ser, amor. Senta-te sossegada e tudo vai ficar bem.”
A esta gentalha digo: Estimo bem que se fodam!
Comecem a olhar para as pessoas como seres e não como géneros.
Sim, eu tenho mamilos. (Mas como tenho uma vagina, sou menos do que tu.)
Se eu fosse homem, se tivesse um filho e o amamentasse com o meu pénis, isso não seria ofensivo.
Se eu fosse homem e usasse roupas provocantes, não estaria a pedi-las, seria um garanhão. Seria sex symbol.
Se eu fosse homem a publicar fotografias com nudez parcial (ou imparcial), seria famosa em cinco segundos. Seria idolatrada pela minha confiança.
Se fosse um homem a queixar-me de assédio físico ou psicológico ou o caralho, a psicopata que me perseguisse seria presa para a vida.
Mas sou mulher. E tudo o que faço ou digo é um ultraje. Porque me recuso a conformar-me.
Sou mulher. Sinto-me mulher. Mas há sempre alguém que me vai querer impedir de o ser totalmente. E com isso, eu não vou conviver.
Vou lutar. Até ao fim.
Porque ser mulher é algo belíssimo. (E com isto não pretendo colocar abaixo quem considera ter um género diferente.)
No entanto, eu devo afirmá-lo.
Não tenho vergonha de ser mulher (não mais, pelo menos).
Não sou Maria Ofendida.
Não gosto de julgamentos sem fundamento.
Vão-se foder, vós, com as vossas esquisitices. E vão fingir-se de santos.
Enfiem o terço na boca e engulam toda a àgua benta do mundo!
Um bem-haja!