Cidade fria e gélida,
Aquela que aparece nos meus sonhos.
Saudades que abafam a morte da alma,
Aquela que nunca me deixa escapar.
Presa a uma chuva que não cai,
A um nevoeiro que não se condensa.
As paredes em tons terra mentem-me,
Afirmam um sol que não me pertence.
Sentada na relva e um jardim sem fôlego,
Pensara em mil formas de me resgatar,
Mas ali jazia o meu sangue quente,
Aquele oxigénio sem rumo.
As palavras nunca escritas,
Retornam para me assombrar.
Os crepúsculos perdidos,
Reluzem entre os edifícios.
As alamedas renascem
Na perene solidão.
As lanternas retiram-se,
Ao clamor das primeiras silhuetas humanas.
Regresso para me reencontrar
E novamente me afundo,
Nos sussurros infinitos da urbe
E nos receios que não me aceitam.
A amena brisa ameaça recuperar-me,
Sem me olhar solamente.
O dia enterra as unhas na minha pele
E a saudade mata-me, de novo.
Observo o banco onde existira,
Onde vivera em êxtase por minutos.
O meu sorriso desfalece
Na perene solidão.
A melancolia visita-me,
Cidade fria e gélida.
Presa a uma chuva que não cai,
Uma sinfonia cessa à distância.
Um dia, reconhecerei a felicidade
E dar-lhe-ei um ansiado abraço.
Por agora, morro de saudade,
De um nevoeiro que não se condensa,
Do sangue quente,
Dos crepúsculos perdidos
Sob a amena brisa que só cabe
Na cidade fria e gélida.