A noite que se abate sobre nós,
Num suspiro ameaça extinguir-se.
E na nossa inocência, cremos
Que, num ápice, irá evadir-se.
Num olhar esmagamos as nossas esperanças,
E decidimos abandonar o destino
Ao vento que se atira pelas ruas.
Quem somos nós, um libertino
E uma fome voraz…?
Quem decide o que alguém irá sentir
Quando a noite invade uma vivência?
Aguardamos um sinal do tempo,
Uma carta de um amado qualquer.
Aguardamos a bandeira branca,
Ou uma pétala de malmequer.
Quem somos nós, uma libertina
E um apetite voraz?
Quem decide o que alguém irá sentir
Quando a luz natural se esgota por fim?
A ânsia que nos consome.
O desespero que nos suga a racionalidade.
Noutras alturas, carecia da noite.
Dos pensamentos inseguros.
Da paixão descaindo num açoite.
Questionava em quem acreditava,
Num momento de descrença fugaz.
O suspiro conspira mergulhar em si
E num momento, capitularemos.
Num instante, obteremos a compreensão
Para não mais entendermos nada, de novo.
Quem somos nós?
Vozes sequiosas,
Vistas medrosas.
Libertinos e bandidos,
Com fome de tempo
E satisfação de um tudo-nada.
A noite que quebra sobre nós,
Não suspira ainda.
E a nossa inocência,
Ela não verga perante o infinito.
Libertinos somos,
E por inanição nos silenciaremos.